segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Escola: Dondon Feitosa
Aluno:  Alexandre Alves Calista              N°: 01
Turma: B    Turno: manhã      Data: 02/10/14
Serie: 9° ano
Disciplina: Português
Professor: Lourdes 

Texto de memória

   Eu sou Maria Domingas Pereira Pires, nasci em 18/06/1944. Meu pai e minha mãe, criou eu e meus 10 irmãos, ensinando todos a serem honestos e respeitar as pessoas mais velhas. Ensinaram “nois” a dar um oi, um bom dia, a todos as pessoas, coisa difícil de se ver hoje em dia. Naquele tempo as coisas eram muito difíceis. O almoço era feijão com pão, a tarde era “macunza”. Depois ele passou a cuidar de uma fazenda. Ai melhorou mais um pouco, pois, tinha o cuscuz, o leite para o café da manhã. A comida basicamente quase em todas as refeições era o milho. Ele era pisado no pilão não tinha essa massinha já preparada. O café era torrado não era em pacote.
   A gente vivia no interior, a patroa do meu pai pagava uma pessoa para ensinar os filhos dela e “nois” também. Mas a gente não tinha interesse, pois não sabia o que era estudo e nem professora. Ela passava uma lição e ia para os pés de manga que existiam na fazenda e para o açude tomar banho. Então a gente ia conversar e assim ninguém aprendia. As roupas desse tempo eram tão difíceis, era um tecido chamado de Chita, aqueles panos bem ruinzinhos.
   O namoro: era o pai ou a mãe pastorando, não tinha oportunidade de se beijar, pegar na mão e se agarrar. Eu mesma na véspera do meu casamento, o meu noivo beijou minha mão e eu levei foi uma pisa, pois aquilo para meus pais era um desrespeito, mas consegui casar com meu noivo e formos morar no interior depois vim morar em Tauá. Passei a trabalhar no hospital. Amava tudo o que eu fazia, no momento em que eu ia fazer o parto quando ocorria tudo bem. Isso ai é uma coisa que eu nunca vou esquecer, pois fazia com amor, com o coração.
    Está com 28 anos que me divorciei do meu marido, mas com ele tive 8 filhos, tenho 13 netos e 4 bisnetos. Sempre digo a eles e também aos meus irmãos que se algum dia algum deles fizer algo errado não foi meus pais, nem eu quem ensinei.
     Lembro que meu pai, não chamava nem que fosse uma criança, um adolescente, ou uma pessoa de idade de você. Ele os cumprimentavam de senhor ou senhora. Ele respeitava do maior ao menor. Mas quando ele estava conversando com um amigo a ordem era de não passar nem perto de onde eles estavam conversando. Meu pai era uma pessoa muito boa.
     Quando meus filhos adoeciam, o remédio era feito de raízes, casca de pau ou folhas, fazia um chá dali. A fé era pura e Deus via que a gente não tinha condição de comprar uma medicação, que era difícil. Então a fé curava, pois meu ídolo é Jesus Cristo e Deus.
    Tauá antigamente não tinha colégio, mercantil, transporte. Então era muito difícil até que a cidade foi crescendo e as coisas ficaram mais fáceis. Foi começando a substituírem coisas antigas por modernas, como por exemplo a lamparina, a gente pegava o querosene ou óleo queimado e pegava o algodão fazia o pavio e então colocava o gás e acendia. Muitas vezes não tinha dinheiro para comprar gás e o querosene, pegava a abelha, pegava aquele bolão de cera, enrolava, e fazia um “negoço” chamado “murrão de cera”. Depois veio a energia elétrica, e assim deixamos de usar a lamparina e passamos a usar a energia.
   Lembro que a segurança em minha época era Deus, pois não existia essa violência que tem hoje, você podia. Ir dia e noite para qualquer lugar, que do jeito que você saia de sua casa, você voltava.
   Esses são alguns fatos da minha vida, fatos que me marcaram e marcam ainda até hoje. Naquele tempo, mesmo com algumas dificuldades, eu era feliz e não sabia, e hoje vejo que as pessoas tem tudo e não dão valor.

Texto de Alexandre Alves Calista, estudante Cearense, escrito com base no depoimento de Maria Domingas Pereira Pires, narradora personagem dessa história.


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